28 dezembro, 2006

"Se eu própria me bastasse, fugiria para sempre.
Do teu corpo, das mãos quentes.
Mas sou frágil como um grão de neve.
Derreto-me com leves sussurros e a ternura estonteia-me.
Sofro de constante abstinência de amor."
Pedro Paixão

P.S: Sonhei com você essa noite. Acordei alegre e desesperada ao mesmo tempo como convém meu jeito contraditório. Que saudade. Como tudo esta tão longe...

20 dezembro, 2006


"Tenho uma vontade besta de voltar, às vezes. Mas é uma vontade semelhante à de não ter crescido" - Caio Fernando Abreu

19 dezembro, 2006

Vastidões Bastantes

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é a minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera…

Cecília Meireles - Noções

18 dezembro, 2006

Saudade












Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora, mas a amada já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

Pablo Neruda

16 dezembro, 2006

"... Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim
De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos ou anos atrás ..."
Cazuza

11 dezembro, 2006

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond
"- Você sabe se a gente pode comprar um buraco?
- Olhe, você não reparou ate agora, não desconfia que tudo que você pergunta não tem resposta?"
Clarice Lispector - A hora da estrela

08 dezembro, 2006

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Chico Buarque

07 dezembro, 2006

Eu amo tudo o que foi,
Tudo que já não é,
A dor que já não me dói.
A antiga e a errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa

05 dezembro, 2006

"Quando o coração ainda está agitado pelos vestígios de uma paixão, estamos mais perto de sermos tomados por uma nova do que quando estamos de todo curados."
La Rochefoucauld

04 dezembro, 2006


Como você me dói de vez em quando...

01 dezembro, 2006

[entre]

entre ossos e vestes o corpo
entre o mundo e o corpo o ser
entre o ser e o mundo as palavras
entre o corpo e o mundo as vestes
entre os ossos e a carne o ser

Vitor Mizael

30 novembro, 2006

Nós éramos amigos e nos tornamos estranhos um para o outro. Mas está bem que seja assim, e não vamos nos ocultar e obscurecer isto, como se fosse motivo de vergonha. Somos dois barcos que possuem, cada qual, seu objetivo e seu caminho; podemos nos cruzar e celebrar juntos uma festa, como já fizemos e os bons navios ficaram placidamente no mesmo porto e sob o mesmo sol, parecendo haver chegado o seu destino e ter um só destino. Mas então a toda poderosa força de nossa missão nos afastou novamente, em direção a mares e quadrantes diversos e talvez nunca mais nos vejamos de novo ou talvez nos vejamos, sim, mas sem nos reconhecermos: os diferentes mares e sóis nos modificaram! Que tenhamos de nos tornar estranhos um para o outro é lei acima de nós: justamente por isso devemos nos tornar também mais veneráveis um para o outro! Justamente por isso deve-se tornar mais sagrado o pensamento de nossa antiga amizade! Existe provavelmente uma enorme curva invisível, uma órbita estelar em que nossas tão diversas trilhas e metas estejam incluídas como pequenos trajetos elevemo-nos a esse pensamento! Mas nossa vida é muito breve e nossa vista muito fraca, para podermos ser mais que amigos no sentido dessa elevada possibilidade. E assim vamos crer em nossa amizade estelar, ainda que tenhamos que ser inimigos na Terra.
Nietzsche

26 novembro, 2006


"Leve, leve, muito leve.
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso,
Nem procuro sabê-lo."

Fernando Pessoa

20 novembro, 2006

"Faço o papel sem dificuldade. A água flui, vai para frente. Isto também vai passar. Mas não compreendo. Então um lado meu pensa: é sina, é fado, é destino, é maldição. Outro lado pensa: não, é mera neurose, de alguma forma sutil devo construir elaboradamente essa rejeição. Crio a situação, e ouço um NÃO. Desta vez, eu tinha tanta certeza. E penso: os deuses me traíram, os búzios me atraiçoaram, as cartas me mentiram. E me sinto velho e cansado, e tiro toda a roupa preta guardada nos armários - e tudo não deixa de ser teatral, meio engraçado. Mas há também uma dorzinha verdadeira no fundo. A pequena gota de sangue, como um rubi. E me baixa o peso do tempo, e dos 38 anos, e dos cabelos caindo, e tudo indo embora e fugindo e se perdendo - e o amor sem acontecer, quando estou assim todo maduro, e limpo, e pronto, e luminoso como uma maçã no galho, pronta para ser colhida. Ninguém estende a mão para a maçã, pouco antes de começar o processo de apodrecimento." CFA

13 novembro, 2006

Peito Vazio -
Cartola e Elton Medeiros

Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio.
Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula
A minha vingança
Vou seguir os conselhos
De amigos
E garanto que não beberei
Nunca mais
E com o tempo
Essa imensa saudade que sinto
Se esvai

08 novembro, 2006

"... O mundo das paixões é o mundo do desiquilíbrio. É contra ele que devemos esticar o arame de nossas cercas. Cuidem-se os apaixonados afastando dos olhos a poeira ruiva que lhes turva a vista... É através do recolhimento que escapamos das paixões..." - Raduan Nassar - Lavoura Arcaica

06 novembro, 2006

Toda saudade
Gilberto Gil - 1984

Toda saudade é a presença
Da ausência de alguém
De algum lugar
De algo enfim
Súbito o não
Toma forma de sim
Como se a escuridão
Se pusesse a luzir
Da própria ausência de luz
O clarão se produz
O sol na solidão
Toda saudade é um capuz
Transparente
Que veda
E ao mesmo tempo
Traz a visão
Do que não se pode ver
Porque se deixou pra trás
Mas que se guardou no coração

03 novembro, 2006


"A salvação pertence apenas
àqueles que aceitaram
a loucura escorrendo
em suas veias."
(Caio F.)

30 outubro, 2006

Falta.
de inspiração,
de tempo,
de paciência.
Ausência.
de amor,
de sentir,
de querer.
Inexistência.
de cor,
de prazer,
de alma.

29 outubro, 2006

Negação
Teu lato olhar inexpresso
Em que o significante pesa
fere, dilacera.
O significado previsível "nem doeu".
O gesto imantado de fenomenologia pura
desfere o golpe,
trinca meu mundo
tranqüilo e seguro
e nada mais pode conter.
"A realidade gosta de simetrias":
Palavras de Borges.
Mas a simetria cabe às aparências,
às explicações, às teorias.
A coseidade das coisas,
A mundaneidade do real assimetria-se.
Assemelha-se ao despertar confuso,
ao negro luto do café:
porque morrem os sonhos,
os coerentes e fiéis sonhares.
Descaminho por ruas assimétricas
Vias sem cadarços,
pensamentos deazeitados:
percursos me caminham
e desencontro-me na própria solitude,
em que a tua ausência
é a minha melhor companhia.
José Maurício Fonzaghi Mazzucco

28 outubro, 2006

O Grito, Edvard Munch (1893)

"Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável. Se eu der o grito de alarme de estar viva, em mudez e dureza me arrastarão pois arrastam os que saem para fora do mundo possível, o ser excepcional é arrastado, o ser gritante."
Clarice Lispector in A Paixão Segundo G.H.

27 outubro, 2006

Tempestade
Parece que o tempo fechou
E se faz chuvas sobre mim
Esfria, venta nos meus pensamentos
E agora escuto relâmpagos que eu mesmo criei

Sem mistérios, tudo lógico

Meu mundo entra em desastre momentaneamente
É você meu sol que está faltando
Separada de mim por nuvens de solidão

Minha paixão, meu amor, meu equilíbrio

Entram em desastre emocional
Fico aguardando tudo passar
O momento de te reencontrar

Distante, separado por necessidade

Me sinto num mundo em tempestades
Sem contato, separado por barreiras
Me entristeço, falta a sua verdade viva em mim

Como homem sem rumo no temporal

Aguardando o momento de seguir novamente
A verdade é que às vezes me sinto isolado, sentado num canto qualquer
Esperando a chuva passar, para poder te encontrar

Sem poder me comunicar

Sem poder falar naquele momento
Que te gosto e saber que me ouviu nesse instante
Receber a resposta na hora

São momentos de angustia

Não basta afirmar a mim
Quero sentir minhas palavras ecoar em você
E voltarem repetidas, repetidas, num eco sem fim
Claudio Terovydes

26 outubro, 2006


"...Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be this so hard
Oh take me back to the start..."
Coldplay - The Scientist

24 outubro, 2006

"E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida"

Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou Livro dos Prazeres.

23 outubro, 2006

Cansei de insistir nos mesmos erros,
Chega de passar da euforia à desilusão com a mesma intensidade,
acreditando e deixando de acreditar com uma facilidade quase irresponsável...
Quero e vou ter controle!

Farei questão de esquecer qualquer tipo de lembrança, pensamento ou desejo...
Acabou e pra sempre!
Demorou, mas é que pensava: "quem sabe um dia.."
Enfim, acordei para a verdadeira realidade e vi que eu estava sozinha nisso tudo a muito tempo...

20 outubro, 2006

Não ando perdida, mas desencontrada.

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.

Despedida - Cecília Meireles

19 outubro, 2006


Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pêlo,
e pelas ruas vou sem nutrir-me, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desiquilibra,
busco o som líquido de teus pés no dia.

Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.

Quero comer o raio queimado em tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas

e faminto venho e vou olfateando o crepúsculo
buscando-te, buscando teu coração ardente
como uma puma na solidão de Quitratúe.

XI - Cem sonetos de amor - Pablo Neruda

18 outubro, 2006

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!
O auto-retrato ( Mário Quintana )

Realejo

O tempo batia as asas. No mundo dela era sempre noite. Mesmo de manhã, o céu permanecia no mais completo breu. Cansada daquela mesmice, passou a questionar os porquês de sua existência e da origem do mundo no qual vivia. Procurava a lógica dos fatos e se perdia em suas próprias explicações. Uma idéia fixa martelava em sua cabeça: precisava sair dali e descobrir se tudo era sempre daquele jeito ou se lá longe, bem distante, haveria uma outra realidade. E pôs-se a caminhar. Todo chão era pouco perto do desejo que a movia. E então chegou numa das pontas do mundo: tudo continuava a ser sempre daquele jeito e lá longe, bem distante, não havia nenhuma outra realidade. Deu a volta e seguiu obstinada. Quanto mais andava mais sentia o tamanhão do mundo. De seus pés brotavam calos. O corpo padecia, descascava, transmutava. E os porquês se tornavam cada vez mais audíveis reverberando nas paredes de seu coração. E no que cruzou o sul, o norte, o leste e o oeste do mundo: tudo continuava a ser sempre daquele jeito e lá longe, bem distante, não havia nenhuma outra realidade. Quanto mais andava mais sentia o tamanhinho do mundo. Não havia mais pra onde ir e seu corpo também não suportava mais acompanhar o ritmo frenético dos porquês de sua cabeça. A massa corpórea dela padecia, pipocava, inchava. Achou que fosse morrer naquele instante e quando olhou de volta para si foi que percebeu a transformação. O corpo dela havia crescido tanto que já não cabia em seu mundo. Com toda aquela pressão, o céu foi se rasgando vagarosamente até revelar a luz. Em seu novo mundo era sempre dia. Mesmo de noite, as estrelas garantiam uma luminosidade que ela jamais poderia prever enquanto lagarta andante dentro da caixa de sapato. Agora era diferente. Ela batia as asas.
Maira Viana Barros

16 outubro, 2006

Vida sem graça, sem sentido, sem amor, sem nada...
Tanto vazio no coração e na alma.
Sonhando com, vivendo sem...

14 outubro, 2006

"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripe estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar."
A PAIXÃO SEGUNDO G.H. - Clarice Lispector

11 outubro, 2006

urght!!


Emburrada, revoltada, cansada, esgotada...

Mudar projeto a essa altura do campeonato????? Poxa, assim não dá!!!!
Bom, agora acho que vou trabalhar sobre o efeito de qualquer coisa agindo sobre porcaria nenhuma resultando em absolutamente nada... que droga!!!!
Odeio mudanças...

Que fase!!!!!

10 outubro, 2006

"Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora"
Morangos Mofados - CFA

07 outubro, 2006

So, so you think you can tell
Heaven from Hell
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?
And did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
And hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
And did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?
How I wish
How I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl
Year after year
Running over the same old ground
What have we found?
The same old fears
Wish you were here

Wish You Were Here - Pink Floyd

06 outubro, 2006




"O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida"
Cartas - CFA

05 outubro, 2006

Cansada






Cansada, muito cansada.
Quero dormir por dois dias...

04 outubro, 2006

disposição + concentração + persistência

Onde posso comprar isso???
Quero meio quilo de cada...
Paga-se bem!

03 outubro, 2006

Eu, eu mesmo...

Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar.
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito ? Incógnito ? Divino ?
Não sei...
Eu...
Tive um passado ? Sem dúvida...
Tenho um presente ? Sem dúvida...
Terei um futuro ? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...

Fernando Pessoa

30 setembro, 2006


"...eu sei que ainda vou voltar, mas eu quem será?"

29 setembro, 2006

Tentação

Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava.
Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
Lá vinha ele trotando, à frente da sua dona, arrastando o seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
A menina abriu os olhos pasmados. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.
Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo. Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se, com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes do Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
Mas ambos eram comprometidos.
Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina.

Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

Clarice Lispector - "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

"Morrer de vez em quando é a única coisa que me acalma..."
Leminski

26 setembro, 2006

O vento

Posso ouvir o vento passar
Assistir a onda bater
Mas o estrago que faz
A vida é curta pra ver
Eu pensei: que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo
E para o tempo parar
Um século, um mês
Três vidas e mais
Um passo pra trás
Por que será?
Vou pensar
Como pode alguém sonhar
O que é impossível saber
Não te dizer o que eu penso
Já é pensar em dizer
Isso eu vi, o vento leva...
Não sei mais
Se tu quer, como sonhar?
Que o esforço pra lembrar
É vontade de esquecer
E isso porque diz mais
Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro meu bem
Então o que resta é chorar
E talvez, se tem que durar
Vem, renasce do amor dentro de lágrimas
Um século, três
Se as vidas atrás
São parte de nós
E como será?
O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais
A gente vai saber
Claro de um trovão
Se alguém depois sorrir em paz
Só de encontrar

O Vento - Los Hermanos

P.S: Como posso ainda sentir toda essa alegria, ficar eufórica e mudar complemente meu dia apenas em te ver?? Minhas pernas tremem... Um oi seco e frio não foi o suficiente. Quero te beijar, te abraçar, te cheirar como antes... Sinto ainda muita vontade de estar ao seu lado, conversar, viajar em assuntos que desconheço, ouvir você ronronar, sentir esse cheirinho de limão tão bom... Nossa, será que isso nunca vai passar? Tento virar a página, pensar em outras coisas, em outras pessoas, mas não consigo... Como diz a música: "Quando penso em alguém é por você que fecho os olhos..." Poxa, como é ruim sentir saudade e não conseguir ao menos chegar perto de você.
Ainda resta muita coisa aqui dentro.
Sei que não vou morrer de amor, mas isso dói tanto...

22 setembro, 2006

"Não, você não sabe, você não sabe como tentei me interessar pelo desinteressantíssimo"
Morangos Mofados - Luz e Sombra - CFA

20 setembro, 2006

Tristeza

Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.
Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a Ter.
Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.
Fernando Pessoa

19 setembro, 2006

Distância

“...Os olhos mentem dia e noite a dor da gente...”
Distância. Saudade dói. Distância apenas. E como dói. As distâncias geralmente são calculáveis e dividem-se basicamente em duas: a “distância muita” e a “distância pouca”. A distância entre o fazer e o fazer-acontecer é muita. Já a distância respeitosa entre o cavalheiro e sua dama em noite de baile é pouca. A distância mágica entre o coelho e o fundo da cartola é muita. Em contrapartida, a distância romântica entre o sol e a lua em dia de eclipse é praticamente nula. A distância geográfica entre o Brasil e os Estados Unidos é muita, mas a distância genética entre fé e coragem é pouquinha. A distância entre lembrança e respiração também é pouca. E abraçados nessa verdade, ambos vão se orientando na certeza musical de que do outro lado há o outro a respirar.
“...Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você...”

Fernando Anitelli - Teatro Mágico

18 setembro, 2006


"Suave é viver só" - Fernando Pessoa
"E se eu fosse o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado"

Final de semana diferente. Pessoa diferente.
Os problemas não foram embora e tudo é uma grande dúvida. Mas vou levando e tentando descobrir aonde chegar. Não esta sendo fácil, acredite. Dá muito medo. Nessas horas tento investir na mentalização de coisas boas, um mantra qualquer de que amanhã vai ser outro dia e blá, blá, blá...Um dia não livre de problema algum, mas ao menos que sejam novos.
Gostaria apenas de parar de pensar tanto no que não foi, no que não tem sentindo, do que não aconteceu. E de curtir o que esta acontecendo. De abstrair. Preciso lembrar de controlar as atitudes, já que os pensamentos me fogem das mãos. Meditação transcendental quem sabe.
Quero ficar sozinha. Nem sei se também é isso que quero. Pois quando estou só, morro. Quando estou com alguém, meus pensamentos viajam pra bem longe em busca de algo que nunca vou ter.
Abraço e sinto outro corpo.
Acordo e vejo o que não quero.
O que fazer para esquecer?
Acordo e fico pensando no que vou fazer para me distrair ate que o dia acabe.
Devo ocupar a mente, eu sei. Vou desviar meus pensamentos.
Quem sabe fazer coisas inúteis como contar azulejos, apontar lápis, colocar em ordem alguns papéis. Qualquer coisa que me faça esquecer que o tempo é cruel e que sequer posso esperar de ti uma palavra de delicadeza.
Não quero ninguém. Quero ficar só. Excessivamente só.
Mas o pior de ficar só é ter que conviver consigo própria. E eu não me agüento mais.
Torço para que o tempo passe logo.
Pra que a vida voe.
O que sinto nesse momento?
Não é fácil explicar.
Tentei. Mas esquecer assim não posso.
E sei que tudo isso só existe dentro de mim.
Que confusão. Nem sei porque escrevo. Ninguém vai ler isso mesmo.
Quanta bobagem...

15 setembro, 2006

Cheiro

" E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, bem lá dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que o amor não começa quando o nojo, higiene ou qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, senão só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou ate gostar, sem que isso seja necessariamente uma pervesão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se o amor for a coragem da prórpia merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também."
Pela noite/Estranho estrageiros - CFA

Ao mesmo tempo que digo e me esforço para ficar só, trancada nos meus sentimentos, no meu mundo ate tudo passar, ate tudo sumir das minhas lembranças, vem alguém querendo conhecer esse meu mundo que nem eu mesma conheço, querendo participar de uma alegria aparente.
Enquanto eu apenas estava fazendo da leitura e do cinema meus bons companheiros, enquanto não durmo, enquanto espero, para tirar qualquer tom de desespero, tentando cultivar a harmonia, tentando abrir a porta para alegria, quem sabe um dia... Aparece alguém.
Tenho medo. Muito medo.
Pois eu sempre me perco nas histórias de amor.
É possível gostar de alguém e ser feliz ao mesmo tempo?
Não sei.
Mas sei que não posso ficar com esse medo, as pessoas são diferentes eu sei disso. Pelo menos tentar e ver como são outras pessoas, outros cheiros, outros gostos.
Tenho que tentar e vai ser isso que vou fazer.
Respiro fundo mais uma vez.
Esqueço tudo o que passou mais uma vez.
Esqueço.
Recomeço.

14 setembro, 2006

Chorei

"Se pudesse escolher, dormiria ate tudo passar, e tudo vai passar.
Antes que... Ah, antes que nada. Só estou falando um monte de besteiras, pois falo sobre o que eu não sei dizer. Como os apaixonados fazem. Os apaixonados desprezados, claro. Os que sofrem por amor e acham que devem sempre falar sobre isso. Sobre suas más condições.
De estarem prestes a morrer sabendo que não vão morrer"
O efeito Urano - Fernanda Young

Mesmo sabendo que já tinha acabado, e a muito tempo, só a distância vai fazer meu coração entender que tudo se foi de vez... Chorei.

Sofro por amor.
E pela falta de amor também.

PS: Sabes o que eu acho? Ficou-nos a faltar uma noite.

13 setembro, 2006

Feriado!


Esse final de semana foi uma mistura de sentimentos.
Alegrias, tristezas, saudades, magoas, surpresas... enfim, foi um mix de tudo.
Fazia muitos anos que não pisava em São Paulo, mas não gostei do que vi também. Um baita trânsito para conseguir chegar em qualquer lugar, cidade cinza, aquele frio de matar... credo! Às vezes eu ate queria morar lá novamente, mas definitivamente, não quero mais!
Adoro cidade grande, mas não tão grande ao ponto de me sentir completamente perdida.
Mas nada como voltar para Ribeirão, ver esse sol, a cidade com cara de cidade grande mas com um jeitinho de interior... Mas foi bom voltar lá... Mas só a passeio mesmo. Tirei a idéia de talvez um dia voltar a morar lá. Meu pai que ficou feliz com a noticia.
Enfim, fui a um casamento. Mas não um casamento qualquer, foi de uma amiga que amo muito e que com certeza merece toda a felicidade desse mundo.
Chorei. Vendo-a entrar e no mesmo momento passando um filme na minha cabeça de tudo o que já aconteceu com a gente, todas as baladas, todas os colos que demos uma para a outra, risadas, choros, conquistas... Puxa, como temos histórias para contar. Ate deu vontade de casar, entrar na igreja, vestido de noiva e todas essas coisas cafonas maravilhosas!!!
Mas já esta passando essa droga de vontade, voltei para a realidade onde não existe “príncipe noivo interessante” disponível no mercado.
Bom, visitei amigos, ex sogra com direito a ex namorado com noiva... cada coisa que eu passo! Mas o que eu fiquei mais triste mesmo foi de voltar onde eu morei tantos anos. Minha casa, a casa da minha avó, tantas lembranças...
Mas também foi muito divertido, fiquei com meus primos, filhos deles e tudo mais o que tinha direito. Conheci integrantes novos da família, recebi colinho da minha avó e matei toda a saudade dessa minha família maluca. Ate cantei no karaokê: “Você pra mim foi um sol...” e muitas outras músicas ridículas de cantar...coisa que a muito tempo não fazia.
Nem queria voltar pra cá, para esse mestrado que nada funciona, para meu quarto vazio, para essa minha vida sem emoção. Mas fazer o que né? Vamos, tenho que ser forte, e pensar coisas positivas, não é assim Carol?

E ai vou eu.

08 setembro, 2006

Pra não falar de amor...


Hoje não estou triste, não estou alegre, estou magoada.
É muito engraçado como os sentimentos mudam, como as pessoas são falsas, como falam sem pensar, sem ter responsabilidade sobre aquilo que falam, sobre os sentimentos das pessoas alheias.
Mesmo algum tempo depois, eu ainda continuo pensando em tudo o que ouvi e acreditei que fosse verdade...Mas no momento parecia tão verdadeiro...Enfim... deixa pra lá.
Estou me sentindo assim hoje, enganada, mesmo sabendo, ou pelo menos desconfiando, de onde estava me metendo... Mas é assim, uma pessoa ai já dizia: "As suas expectativas são as suas expectativas...".
Um dia ainda eu páro de procurar coisas que sei que ao ler irá me magoar, um dia eu aprendo!
Você me dizia que éramos parecidos. Como assim?
Você um dia já conseguiu se envolver de verdade???
Já conseguiu dizer que gosta de estar ali sem mentir?
Bom, acho que não somos parecidos em nada. Eu sou verdadeira e tudo o que saiu da minha boca era exatamente o que sentia, senti ou sinto... Já não sei de mais nada, é tanta decepção que não sei mais que sentimento tenho dentro de mim.
Não sei porque estou assim hoje, talvez seja o clima dessa cidade cinza, fria, lembranças não tão agradavéis...
São Paulo não me fez bem, não sei, acho que ultimamente nada esta me fazendo bem... que fase, mas vai passar. Bom, pelo menos é nisso que tento acreditar.

E andando por ai, li esse texto e gostei.

Pra não falar de amor... Hoje eu não quero falar de amor, pensar em amor, lembrar de coisas que um dia se apresentaram como possibilidade de... amor. É que mentira tem perna curta e eu não tô mais a fim de começar tudo de novo, acreditar naquele blá-blá-blá cheio de boas intenções, pra depois terminar em desafeto, falta de cuidado a ponto de: -putz! Não era bem isso que eu queria... Acho que é porque tá frio e ontem foi ontem. E lembrei de tempos atrás quando eu era capaz de inventar mil surpresas sem a menor vontade de impressionar, apenas pra... ver você sorrir? É isso. Você sorria para dentro. E aquilo me incomodava... por isso eu bolava novas maneiras de encantar, fazer carinho quente bem debaixo da asa esquerda que eu julgava quebrada. Mas o anel que tu me deste era de areia. A mesma que a gente pisou sem deixar grandes marcas. E isso agora incomoda. Aquela minha total disponibilidade e a sua incapacidade de se deixar amar. Hoje eu vivo olhando o céu, buscando gaivotas mesmo longe do mar. Lembra que você costumava desenhar gaivotas no quadro negro, na ausência do professor? E fazia versos e tocava violão e me revirava por dentro. Descobria desde a tristeza dos meus olhos até o sonho mais escondido. Desde então nosso brinquedo preferido era fazer-de-conta... "-faz de conta que te amo"... mas hoje eu não quero falar de amor, pensar em amor, lembrar de coisas que um dia se apresentaram como possibilidade de... amor.
Lamenha - Perto do Coração Selvagem

PS: Dia frio, muito frio. Dentro. Fora.

04 setembro, 2006

Fuga

"Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. Mas não em você, se sempre foram de ternuras nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então assim tão de repente e duro, por quê?
Seria isso, então?
Você só consegue dar quando não é solicitado, e quando pedem algo você foge em desespero.
Como se tivesse medo de ficar mais pobre, medo de que se alcance seu centro e nesse centro exista alguma coisa que você não quer mostrar nem dar ou dividir.
Contido, dissimulado, você esconde essa coisa, será assim?"

Diálogo, Inventário do Ir-remediável, Caio Fernando Abreu

01 setembro, 2006

***

Convívio

"Que o medo da solidão se afaste e que o convívio
comigo se torne ao menos suportável" (Oswaldo Montenegro)

PS: Odeio final de semana!!!!

Cama vazia


É no silêncio pertubador que descubro o que eu não sou.
Faltam palavras e as idéias se misturam numa consciente falta de sentido.
E vou levando.
Entre tombos e perigos e ausências de manhãs.
É muito difícil acostumar-se com uma nova falta...

31 agosto, 2006

Seus cílios

Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, abrindo todas as janelas para um mundo deserto. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias.

É agora que quero dividir maças, achar o fim do arco-íris, pisar sobre estrelas e acordar serena. É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito, preparar uma massa, sentir seus cílios.

“Claro, o dia de amanhã cuidará do dia de amanhã e tudo chegará no tempo exato. Mas e o dia de hoje?”*

Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto.

Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados.

É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes.
Chame do que quiser. Mas venha.

Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates... Apague minhas interrogações.
Por que estamos tão perto e tão longe?

Quero acabar com as leis da física, dois corpos ocuparem o mesmo lugar!

Não nego. Tenho um grande medo de ser sozinha.
Não sou pedaço. Mas não me basto.

* Caio Fernando Abreu
Adaptado de Nathalia Duprat - Revista Paradoxo

30 agosto, 2006

Feito bilhete

Ah, se ja perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer, dei pra sonhar
Fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que ainda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornates a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu...

Eu te amo - Chico Buarque

A letra da música está postada aqui feito bilhete.
Quase sem escolha ando triste e feliz, como convém ao meu temperamento contraditório, a mão gelada, o coração sangrando, saudade, sozinha...

PS: Estou a ouvir Chico Buarque ultimamente. Lembro-me de ti...

O X na testa!!!!

Como eu tinha previsto...
No meu aniversário não aconteceu nada de anormal, nenhum pedido de casamento, nenhuma ligação inesperada, nenhum cartão... fiquei ansiosa à toa...
E vai ser sempre assim, por isso, vou esquecer desse tipo de comemoração.
A partir de hoje, não vou criar mais nenhum tipo de expectativa sobre essa data e pronto, assim tudo que aparecer vai ser lucro!

Mas uma coisa tenho que falar, TENHO AMIGOS MARAVILHOSOS!!!!!

Mesmo com chuva ( e olha que aqui quase não chove, tem que chover justo nesse dia!!!), boate fechada, sem energia, todos os bares lotados, restaurantes "encerrando ativadades", vestido molhado, escova desfeita, maquiagem borrada, sem ter onde parar, um caos total... mesmo assim meus amigos ficaram comigo o tempo todo, rindo de tudo o que estava acontecendo.

Mesmo eu achando que sou a pessoa mais azarada do universo, com o x na testa afirmando que tudo de errado acontece comigo, mesmo com tudo isso, percebi que eles gostam de mim assim mesmo, estabanada, louca, dando "bafões", palhaça... Gostam de como eu sou e querem meu bem sempre!

Enfim, foi um dia para eu perceber que mesmo tudo dando errado, com algumas tristeza, altos e baixos, mas tendo amigos como eu tenho, com certeza será sempre mais fácil superar!

Só tenho que agradecer por vocês fazerem parte da minha vida!!!!
Amo vocês!!!

PS 1: Minha mãe foi a primeira a me ligar! Sem ninguém lembra-lá. (bom, eu acho)
PS 2: Vou continuar achando que nasci na década de 80 mesmo e não de 70.
PS 3: Nem ligo que tenho 26 anos, que todos os meus primos e primas já me passaram, nem me importo que ate mesmo meu priminho de 13 anos esta namorando... nem ligo. Importa sim, o que eu ja vivi e ja conquistei ate aqui e o que ainda esta por vir!

Que venha os 27, 28, 29, 30...

25 agosto, 2006

Aniversário...


Fazer aniversário é sempre algo muito estranho.
Minha solidão aumenta nessa data.
Tenho que confessar, odeio aniversário. Só o meu.

Parabéns pelo o que? Por sobreviver ate os 26 anos?
Ah, por favor me dêem os parabéns quando eu tiver sobrevivido ao 99 anos!
Fora que esse ano, cai bem no domingo. Existe dia mais triste do que o domingo?
Torço para que o dia chegue logo, mas quando esta próximo, quase morro de depressão.
Sei lá, antes parecia que aniversário e Natal só acontecia de três em três anos, era uma grande expectativa, mas agora passa voando.
Ainda estou tentando me acostumar com meus 20 anos e olha só, vem os meus 26 anos chegando ai... Não sinto que tenho tudo isso! Não quero ter 26 anos!
Planos para esse dia?
Sim, muita vontade de andar por ai, sem rumo, ate encontrar um buraco escuro onde eu possa me esconder, onde possa ficar longe: de cartões que não vão chegar, de telefone que não vai tocar... longe de tudo pra sempre!

Não, não estou a aceitar bem esse aniversário!

Não sei porque, mas sempre acho que nesse dia alguma coisa muito boa irá acontecer, um telefonema inesperado daquela pessoa, algum presente de alguém que não esperava, um pedido de casamento... sei lá, qualquer coisa diferente dos meus dias normais.

Na minha casa sou eu quem sempre avisa o aniversário de todo mundo da minha família, ate mesmo do meu para minha própria mãe. Mas esse ano estou fingindo que esqueci. Da mesma forma que acho que ela vai se esquecer também. Vou esperar pra ver...

Sei que estou exagerando, tenho amigos que são a alegria da minha vida, e sei que eles estarão comigo nesse dia, bom assim eu espero.

Enfim, que chegue logo dia 27 de agosto de 2006, que passe logo esse dia e que dia 28 eu esteja novamente sem ilusões, sem esperar nada de ninguém, e que comece a torcer para o dia 27 de agosto de 2007 chegar logo!

Sim, eu me contradigo!

24 agosto, 2006

Vai passar...


Vai passar, tu sabes que vai passar.
Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?
O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insita por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim: Estou contente outra vez...
(Metâmeros - CFA)

Aberto!

" ...Criar meu Web Site
Fazer minha home-page
Com quantos gigabytes
Se faz uma jangada
Um barco que veleje... "


Pois é, nunca quis ter um espaço como esses...
Tinha medo de escrever, expressar, dizer o que penso, o que sinto, o que vejo, de não ser bom, das pessoas interpretarem de forma errada... sei lá...

Mas agora chega!
Vá as favas todas essas dúvidas!!!

Sem mais demora, declaro aberto mais um blog com pensamentos, desabafos, o avesso e o direito do que há em mim!!!!!