30 maio, 2007

"Fui para os bosques porque pretendia viver deliberadamente, defrontar-me apenas com os factos essenciais da vida, e ver se podia aprender o que ela tinha a ensinar-me, em vez de descobrir a hora da morte que não tinha vivido. Não queria viver o que não fosse vida, viver é tão precioso; nem queria praticar resignacão, a não ser que fosse absolutamente necessário. Queria viver profundamente e sorver toda a essência da vida, viver violenta e espartanamente de forma a derrotar tudo que não fosse vida..." Henry Thoreau

28 maio, 2007


"Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca. E tudo isso ganhei ao deixar de te amar" - Clarice Lispector

21 maio, 2007

Eu já não quero mais contar a você o que acontece no meu dia nem os meus pensamentos. Também não tenho tido a menor necessidade de lembrar daqueles tempos. Tudo em minha vida esta seguindo seu curso tranquilamente assim como eu, que nos últimos meses venho sonhando contigo cada vez mais raramente.

É com certo alívio que me vejo com outros interesses, abrindo portas, janelas, escalando pequenos muros que se colocavam no meio do caminho.

Isso não significa que estou curada definitivamente. Claro que não. Meu exagero e minha vocação para o drama continuam intactos. Mas a regeneração do meu coração e dos meus sentidos vem acontecendo de forma cada vez mais rápida. Não sou mais tão criança assim.

Ontem lembrei quase sem dor do último beijo.

E descobri que é o amor, e não o tempo, que cura todas as feridas...

***

16 maio, 2007


"Como se eu estivesse fora do movimento da vida. A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a linguagem dos outros. A linguagem que eles usam pra se comunicar quando rodam assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá, por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota..."

Caio Fernando Abreu

10 maio, 2007

"Não sei que nome dar ao que me toma, ou ao que estou com voracidade tomando, senão o de paixão."
Clarice Lispector

09 maio, 2007

Desencanto - Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.-

Eu faço versos como quem morre.

04 maio, 2007

"Das coisas que eu perdi, as que mais sinto falta são aquelas que não existem; as que não são materiais e que não se pode comprar."

Do filme "O Cheiro do ralo", muuuuito bom, recomendo!!!!

03 maio, 2007


Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre-
Esse rio sem fim.

Fernando Pessoa, 11-9-1933