15 dezembro, 2010

Sabes mentir - Djavan

Sabes mentir
Hoje eu sei que tu sabes sentir
Um falso amor
Abrigaste em meu coração

Sempre a iludir
Tu falavas com tanto ardor
Dessa paixão
Que dizias sentir

Mas tudo agora acabou
Para mim terminou a ilusão
Hoje esse amor já findou
E afinal para que amar

Sempre a iludir
Tu beijavas com afeição
Sempre a fingir
Uma falsa emoção

Sabes mentir
Hoje eu sei que tu sabes sentir
Um falso amor
Abrigaste em meu coração

Sempre a iludir
Tu falavas com tanto ardor
Dessa paixão
Que dizias sentir

Mas tudo agora acabou
Para mim terminou a ilusão
Hoje esse amor já findou
E afinal para que amar

Sempre a iludir
Tu beijavas com afeição
Sempre a fingir
Uma falsa emoção

12 dezembro, 2010

"Não sei onde foram parar aquelas minhas fantasias adolescentes sobre o amor. Acho que elas foram se despedaçando e indo embora junto com cada uma das pessoas que - perdoem-me pelo clichê piegas - partiram meu coração. E o mais ridículo é que mesmo sabendo que elas não passavam de fantasias adolescentes, no fundo eu ainda espero que alguém apareça e me diga "ei, olha o que eu achei na rua, suas fantasias adolescentes; quer de volta?"


Natalia Klein - Adorável Psicose

09 dezembro, 2010

Afinal o que querem as mulheres?

“O amor é uma máquina do tempo, e todo desejo, é desejo de voltar. E encontrar no amor as pessoas de quem gostávamos(...) mas não é só isso, querer voltar ao passado é querer transformar esse passado quantas vezes forem necessárias.”

06 dezembro, 2010

" De vez em quando Deus me tira a poesia.
Olho pedra, vejo pedra mesmo..."

Adélia Prado

C A N S A DA. Muito.

04 dezembro, 2010

"Porque os homens são anjos nascidos sem asas, é o que há de mais bonito,
nascer sem asas e fazê-las crescer."

José Saramago

30 novembro, 2010

Não se pode amar e ser feliz ao mesmo tempo.

Nelson Rodrigues

28 novembro, 2010


Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais.

Caio Fernando Abreu

26 novembro, 2010

"Bom, feliz talvez ainda não. Mas tenho assim... aquela coisa... como era mesmo o nome?
Aquela coisa antiga, que fazia a gente esperar que tudo desse certo, sabe qual?
- Esperança? Não me diga que você está com esperança!
- Estou, estou."

Caio F. Abreu

21 novembro, 2010

Only my love does it good to me...




"And when I go away

I know my heart can stay with my love

It´s understood

It´s in the hands of my love

And my love does it good

Whoa-whoa-whoa-whoa,

Whoa-whoa-whoa-whoa..."


My love- Paul McCartney


20 novembro, 2010

"Mas eu, que tenho amor e que sei como é não ter, não quero andar para trás. Que ninguém me tire os beijos, os amuos, os abraços, as discussões, a contagem de segundos até o ver outra vez..."
- Ana Garcia martins

16 novembro, 2010

Acabou (Roberta Campos)

Talvez você possa entender
Que eu não penso mais em você
Acho que o amor acabou
E a nossa vida mudou
Você fez de tudo, eu já sei
Mas se esqueceu que não dá
Hoje sei que tudo mudou
Pois você não soube me amar
Acabou meu mundo pra você
mas um dia a gente se vê
De repente sem querer
A gente pode voltar
Acho complicado você
Seu jeito estranho de ser
Pensa que é dono de mim
Esquece que não é bem assim
Eu era ligada em você
Tinha muitos planos pra nós
Mas me esqueci que esquecer
É a dor que pode nascer
Acabou meu mundo pra você
Mas um dia a gente se vê
De repente sem querer
A gente pode voltar

03 novembro, 2010

“Coragem, às vezes, é desapego. É parar de se esticar, em vão, para trazer a linha de volta. É permitir que voe sem que nos leve junto. É aceitar que a esperança há muito se desprendeu do sonho. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.”

Caio Fernando Abreu

29 outubro, 2010

Amar, amar, amar...


“O fato é que eu havia me viciado em Dave (em minha defesa, posso dizer que ele havia possibilitado isso, já que era uma espécie de homem fatal) e, agora que sua atenção estava desaparecendo, sofria as consequências facilmente previsíveis. O vício é a marca de toda história de amor baseada na obsessão. Tudo começa quando o objeto de sua adoração lhe dá uma dose generosa, alucinante de algo que você nunca ousou admitir que queria - um explosivo coquetel emocional, talvez, feito de amor estrondoso e louca excitação. Logo você começa a precisar dessa atenção intensa com obsessão faminta de qualquer viciado. Quando a droga é retirada, você imediatamente adoece, louco e em crise de abistinência (sem falar no ressentimento para com o traficante que incentivou você a adquirir seu vício, mas que agora se recusa a descolar o bagulho bom - apesar de você saber que ele tem algum escondido em algum lugar, caramba, porque ele antes lhe dava de graça). O estágio seguinte é você esquelética e tremendo em um canto, sabendo apenas que venderia sua alma ou roubaria seus vizinhos só para ter aquela coisa mais uma vez que fosse.”


Elizabeth Gilbert - comer, rezar, amar

21 outubro, 2010


"Não sabia que era precisamente esse fracasso que me levaria ao lugar que desejava. As correntes do rio profundo foram mais generosas que o meu remar contra elas. Não cheguei aonde planejei ir. Cheguei, sem querer, aonde meu coração queria chegar, sem que eu o soubesse."

Rubem Alves

18 outubro, 2010

...
e, então, não há mais lugares para pousos. Condenado a bater as asas para sempre, morro porque, agora, só se cultivam espinhos em todos os jardins...

Eduardo Baszczyn

16 outubro, 2010

Tenha dó - Los Hermanos


Não vou mais te perdoar,
Você foi longe demais
Meu amor, não sou tão só assim
Não consigo entender me trocar por outro alguém
Traição já é demais, então você me diz
Que me ama, que sem mim você não vive
Que foi apenas um deslize, que você preza pelo meu amor
Tenha dó, não mereces o afago nem de Deus nem do Diabo
Quanto mais da mão que um dia eu dei pra ti
A saudade vai bater mas o meu amor se vai
Tempo voa e quando vê já foi
Não me fale de nós dois, não preciso mais saber
Indo embora, deixo-te um adeus ao vir dizer
Que me ama, que sem mim você não vive
Que foi apenas um deslize, que você preza pelo meu amor
Tenha dó, não mereces o afago nem de Deus nem do Diabo
Quanto mais da mão que um dia eu dei pra ti...

14 outubro, 2010



... E tudo que era efêmero

se desfez.

E ficaste só tu,

que é eterno.


Cecília Meirelles

12 outubro, 2010

"...Existem além disso indecisões, terrores, receios, pertubações e tempestades na mulher de trinta anos, que jamais se encontram no amor duma jovem. Chegando a essa idade, a mulher pede a um jovem que restitua a estima que ela lhe sacrificou; vive apenas para ele; preocupa-se com seu futuro, deseja-lhe uma vida bela, procura torná-la gloriosa; obedece, suplica e ordena, curva-se e eleva-se e sabe consolar em mil ocasiões em que a jovem só sabe gemer. Enfim, além de todas as vantagens de que sua posição, a mulher de trinta anos pode se fazer jovem, desemprenhar todos os papéis, ser pudica e até embelezar-se com a desgraça. Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satifaz tudo, e a jovem, sob pena de não se-lô, nada pode satisfazer. Essas idéias desenvolvem-se no coração de um rapaz e nele geram a mais forte das paixões, porque ela une os sentimentos artificiais criados pelos costumes aos sentimentos reais da natureza."


A mulher de trinta anos - Honoré de Balzac

09 outubro, 2010



“...Ando de um lado pra outro, dentro de mim, as mãos abandonadas, pronta pra inventar uma tragédia russa, pronta pra criar um motivo que me acorde... horrível. Estou tão vaga, tinha vontade de fazer um embrulho de mim, com papel de seda, lacinho de fita, e mandá-lo pra você. Aceita?”
Clarice Lispector

06 outubro, 2010

“O amor jamais foi um sonho, o amor, eu bem sei, já provei, é um veneno medonho. É por isso que se há de entender que o amor não é ócio, e compreender que o amor não é um vício, o amor é sacrifício, o amor é sacerdócio”

Chico Buarque

02 outubro, 2010

Das mudanças...


"Quando dizemos coisas como as pessoas não mudam, deixamos os cientistas loucos. Porque a mudança é literalmente a única coisa constante da ciência. Energia. Matéria. Estão sempre mudando. Transformando-se. Fundindo-se. Crescendo. Morrendo. O modo como as pessoas tentam não mudar que não é natural. Como queremos que as coisas voltem, em vez de as aceitarmos. Como nos prendemos a velhas memórias ao invés de criamos novas. O modo como insistimos em acreditar, apesar de todas as provas contrárias, de que algo nessa vida é permanente. A mudança é constante. Como experimentamos a mudança depende de nós. Pode parecer a morte ou uma segunda chance. Se relaxarmos os dedos, nos desapegar. Ir em frente. Pode ser adrenalina pura. Como se a qualquer momento tivessemos uma segunda chance. Como se a qualquer momento pudessémos nascer de novo."

Greys Anatomy
7° Temporada

30 setembro, 2010

"(...) às vezes tenho um momento de coragem súbita, furiosa... e então, se ao menos soubesse para onde ir, eu certamente fugiria."

Goethe, in Os sofrimentos do jovem Werther

23 setembro, 2010


"Te­nho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída."

Clarice Lispector

15 setembro, 2010

Sinto medo...

“Que bom é suar na tarde e gritar:
mãe, cê tá aí, mãe?”
Adélia Prado

14 setembro, 2010

“Tive tanta taquicardia hoje. Estou por aí, agora. Penso nele, sim, penso nele. Mas não vou ceder. Certo, certo: ninguém tem obrigação de satisfazer ao teu desejo, pela simples razão de que você supõe que teu desejo seja absoluto. Foda-se seu desejo, ora. Me dói não ter podido mostrar minha face. Me dói ter passado tanto tempo atento a ele — quando ele nunca ficou atento a mim.”
Caio Fernando Abreu

“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.”
Rubem Alves

10 setembro, 2010

Acrobata da Dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Cruz e Sousa

07 setembro, 2010

"Podem ter a certeza de que não foi quando descobriu a América, mas sim quando estava a descobri-la, que Colombo se sentiu feliz.'

Dostoievski

05 setembro, 2010

Pois é - Los Hermanos


Pois é, não deu
Deixa assim como está sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
Avisa que é de se entregar o viver
Pois é, até
Onde o destino não previu
Sei mas atrás vou até onde eu consegui
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar

03 setembro, 2010

Essa felicidade não é minha, obrigada!

O jeito mais fácil de ser infeliz é viver a vida na expectativa de que a vida seja o que esperamos dela, de que a vida seja, enfim, a vida sonhada, fantasiada – que, diga-se – no mais das vezes, é o “modelo de vida” standard (ou Premium, se formos ambicioso como mandam as revistas) que o mundo nos fornece num kit com itens, cores, sabores, acessórios, cenas predeterminadas, trilha sonora (de acordo com o bom gosto vigente), objetivos a serem alcançados, níveis de dificuldade mínimos e que incorporamos lépidos, fagueiros e insuspeitos, como nossos. Do emprego ao filho que nos fariam felizes (se fossem como sonhamos), passando pela família e o casamento (nos modelos perfeitos e ideais), esperamos pelo dia em que abriremos os olhinhos, maravilhados olharemos ao redor e ganharemos um ótimo 5 estrelinhas de nós mesmos, um certificado inconteste e seguro de que agora tudo está como sempre deveria ter sido. Aí sim, seremos felizes. Aí sim, vamos poder sorrir e relaxar porque afinal, vencemos. Mas só de pensar sobre isso (pensar por si só já faz bem), de olhar as coisas por este ângulo (do quanto o “ideal” não é o nosso) por breves instantes, já percebemos o engodo da fantasia – e/ou pior ainda, mais grave e de mais difícil superação – percebemos uma suposta incapacidade e insuficiência atávicas de alcançar o objetivo ideal. Neste caso, antes de mais nada, é preciso perceber que não se trata de uma inaptidão particular de realizar “o sonho”, que não somos aleijados de espírito ou vontade, que não deixamos de deter excepcionalmente o dom a todos concedido – ou concedido aos ungidos (e para entender “só” isso pode ser que se leve a vida inteira). Depois, é preciso entender que: a) trata-se de uma impossibilidade geral e irrestrita, simplesmente porque “o sonho” é irrealizável para quem quer que seja, a despeito do que possa sussurrar a voz deslegitimadora e sarcástica dentro das nossas cabeças; e b) porque o ideal, a fantasia, o sonho nem é autenticamente nosso, nem é composto pelos nossos reais desejos. Aí podemos desistir de buscar a (in)felicidade padrão, podemos procurar entender o que faz a nossa própria, única, irrepetível, incopiável felicidade, a despeito do que os outros acharão dela (O que eu quero? O que é bom? O que eu gosto? O que me importa? Do que eu não abro mão? Quais são os preços que eu me disponho a pagar?) para então nos permitirmos ser felizes, pelo simples fato de termos/estarmos buscando o que realmente queremos, o que nos importa, o que desejamos, todos os dias.

02 setembro, 2010

Lembra-te: “Tudo o que chega, chega por alguma razão”

Fernando Pessoa

22 agosto, 2010


"E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário, por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda."

Caio Fernando Abreu

20 agosto, 2010

Oração ao Tempo- Caetano Veloso

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

14 agosto, 2010

"Não, não tente me iludir, tá vendo aquela porta, está aberta, e com certeza é você que vai sair".


Alcione - Não peça para ficar.

09 agosto, 2010

Muito


O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente, reservar hotel pra viagem, olhar estrela sem ter o que dizer. Quer tomar vinho e olhar nos olhos. Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe, que voa inocente e suicida. Ela quer o que não tem nome. Quer rir sem saber de quê, passar horas sem notar, quer o silêncio e a falação. Ela quer bobagem. Quer o que não serve pra nada. Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade. Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado, o medo de ser bom. Quer música, barulho de e-mail na caixa, telefone tocando. Ela tem muito e quer mais. Quer sempre. Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra ficar sempre menina. Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de ônibus e a milésima primeira vez. Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca. Ela quer dar bandeira. Quer a alegria besta de quem não tem juízo. O que ela quer é tão simples. Só que ela não é desse mundo.

http://www.amoreponto.blogspot.com/

07 agosto, 2010

"Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim. Não é agradável a minha história, não é suave e harmoniosa como as histórias inventadas; sabe a insensatez e a confusão, a loucura e a sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mentir a si mesmo"

Hermann Hesse, in Demian

05 agosto, 2010

Um poema de Leminski

DONNA MI PRIEGA 88S
e o amor é troca
ou entrega louca
discutem os sábios
entre os pequenos
e os grandes lábios
no primeiro caso
onde começa o acaso
e onde acaba o propósitos
e tudo o que fazemos
é menos que amor
mas ainda não é ódio?
a tese segunda
evapora em pergunta
que entrega é tão louca
que toda a espera é pouca?
qual dos cinco mil sentidos
está livre de mal- entendidos?
(La vie en close c'est un outre chose, 1991)

28 julho, 2010

Não sei o que faço, onde fico: tenho muito medo, mas confio em Deus. E apesar do meu medo, há em mim uma paz enorme, que eu chamo de felicidade."

(Caio Fernando Abreu)
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

(Martha Medeiros)

05 julho, 2010

"O que eu queria era alguém que me recolhesse como um menino desorientado numa noite de tempestade, me colocasse numa cama quente e fofa, me desse um chá de laranjeira e me contasse uma história. Uma história longa sobre um menino só e triste que achou, uma vez, durante uma noite de tempestade, alguém que cuidasse dele."

Caio Fernando Abreu

04 julho, 2010

De Todas as Maneiras
Chico Buarque de Hollanda

De todas as maneiras que há de amar
Nós já nos amamos
Com todas as palavras feitas pra sangrar
Já nos cortamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão
De todas as maneiras que há de amar
Já nos machucamos
Com todas as palavras feitas pra humilhar
Nos afagamos
Agora já passa da hora, tá lindo lá fora
Larga a minha mão, solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão

27 junho, 2010

Tem dias que a vida leva um susto, soluça e pára no ar, meio anestesiada, meio ébria, meio incrédula de si. Suspendem-se as convenções e protocolos, interrompe-se seu curso e por alguns instante nada "tem que ser", nada é óbvio ou inevitável, nada está decidido ou é certo. As escolhas sobressaem, existem alternativas, dúvidas se evidenciam e no meio do mundo em câmera lenta nos permitimos sentir, querer, desejar, admitir o que em nós não se encaixa perfeitamente, não atende as expectativas, não passa pela cabeça de ninguém que possa existir. Naquele instante somos nós e todas as possibilidades descartadas, embotadas, abortadas, sabotadas, renunciadas. Principalmente aquelas escolhas que fazemos questão de esquecer, que fazemos de conta que não existem e que naquele instante - só naquele instante - nos dão a certeza de que nos fariam parar de sentir fome.

daqui ô: http://www.ticcia.com/

26 junho, 2010


Não acredito na discussão dos meus problemas, estou convencido também de que é muito perigoso quebrar a intimidade, a larva só me parece sábia enquanto se guarda no seu núcleo, e não descubro de onde tira a sua força quando rompe a resistência do casulo; contorce-se com certeza, passa por metamorfoses, e tanto esforço só para expor ao mundo sua fragilidade.
Raduan Nassar

22 junho, 2010

Sentimento - Ivana Debértolis


penso em parar por aqui. honestamente penso em deixar de querer e para sempre não desejar mais. imagino possibilidades e faço planos para o meu nada. é mesmo tudo mentira e em algum momento eu terei mesmo que pensar em terminar, e se fosse agora não me desagradaria. eu falo de morte como falo de amor e de vida, são versões da mesma história, história que inventei e não deu certo, deixei de acreditar. eu tinha preparado tudo, estava tudo combinado, ajeitado da melhor forma para que fosse uma vida feliz, mas a deformidade foi maior e venceu. o estranho me envolveu e eu caí de cama. não quero, tenho preguiça de pensar que pode ser de novo novidade, não tenho o direito de me desapontar ainda mais. sou cruel com os outros, minto, traio, mas comigo mesma preciso ser leal; meu corpo está povoado por verdades sobre mim que não preciso e nem quero esconder. se eu pudesse fazer um pedido, eu pediria pra viver de ficção, fora isso não quero pedir nada e mesmo isso ninguém vai me dar. não quero mais o que tem em volta, quero fazer parte de uma notícia do passado e gostaria muito que me esquecessem. eu precisava tanto ir embora, queria alguém que me pegasse pela mão e mostrasse o caminho. o que eu quero é ter fim e isso é bem razoável, é um direito. o que me entristesse é que sei que sou obrigada a continuar, porque apesar de tudo existe o medo, o mesmo medo que me faz não querer mais estar e ser. é confuso. este meu desejo já me transformou em outra pessoa, mesmo que eu fique, e eu vou ficar, já não sou a mesma e nem sou feliz.

02 junho, 2010

O amor tem suas flutuações.


Passado o frenesi da paixão, quando um só tem olhos para o outro, o casal vive uma outra fase do amor, mais tranquila, em que os parceiros começam a retomar a individualidade. Essa mudança muitas vezes não acontece ao mesmo tempo para os dois, o que requer de ambos um esforço de compreensão, sob o risco de pôr a perder uma relação promissora.

O ser humano deseja ao mesmo tempo estabilidade e aventura - como nas sagas dos heróis, em que há um período de perigos e façanhas e, depois, a recompensa de uma vida tranquila ao lado dos entes queridos. Para muitos de nós, histórias e mitos são suficientes para satisfazer o desejo de aventura. Tomamos contato com eles sentados na nossa poltrona preferida ou deitados em nossa cama. Enquanto o herói enfrenta apuros nós também os enfrentamos, mas em segurança. Muitas vezes nosso desejo de aventura se aplaca quando nos sentimos na pele do herói. No entanto, nem sempre é assim. Premidos pela curiosidade e pela insatisfação com a rotina, procuramos "sarna para nos coçar", como diriam nossos sábios avós.Porém, o desejo de estabilidade permanece, ainda que essa estabilidade seja cada vez mais difícil de se alcançar num tempo em que tudo se move. Karl Marx (1818-1883), o filósofo e economista alemão, já dizia que "tudo que é sólido se desmancha no ar". Do universo estático da Idade Média, quando o homem tinha o conforto da previsibilidade, passo a passo chegamos a um mundo em perene movimento. Em seu livro Do Big Bang ao Universo Eterno, o físico carioca Mario Novello (68) escreve que um dos últimos redutos que ainda tínhamos como estático - o Universo - é visto hoje como dinâmico e histórico. Tudo se agita. E, no entanto, continuamos precisando de estabilidade, tanto quanto de instabilidade. O leitor de aventuras está estável, lendo seu livro, e ao mesmo tempo instável, identificando-se com o herói. O soldado está num cenário convulso, com bombas ameaçando explodir seu acampamento, e em meio a tal instabilidade busca estabilidade na fotografia da amada, que contempla e beija para se assegurar a existência de um corpo e de uma alma que o acolherão.Para duas pessoas apaixonadas, a estabilidade existe na forma de ininterrupção. Eles desejam estar e estão sempre que podem juntos. Isso, para eles, é amor. Só têm olhos um para o outro e nada que não seja sua paixão os distrai. Porém, cedo ou tarde a paixão dá lugar a um sentimento mais tranquilo, que permite que se olhe para os lados, para fora da relação apaixonada. A pessoa que estava perdida dentro da outra retoma a individualidade e, ao fazê-lo, vive processos e sentimentos que estavam latentes. Seu amor, mesmo que sólido e incontestável, não se traduz mais em dedicação total. Agora existem aproximações e afastamentos, flutuações de intensidade e qualidade, sentimentos paradoxais, ambivalências, fantasias, curiosidades que fazem olhar para além da relação.A mudança pode acontecer em tempos diferentes para cada um. E aquele que continua apaixonado não entende o que se passa. Acha que não é mais amado, e isso se torna fonte de malentendidos. É importante que um se ponha no lugar do outro para entender o que está vivendo, mas pedir isso a um apaixonado é quase perda de tempo. O esforço virá mais facilmente daquele que já passou o período de paixão absoluta. Ele terá condições de compreender e acolher a incompreensão do parceiro, sem se revoltar com o que poderá ser sentido como tentativa de controle e dominação. Talvez valha mais a pena este esforço do que simplesmente se afastar de uma relação amorosa promissora.

* Nahman Armony, médico psicanalista, é membro da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle (Spid), do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro e da Federação Internacional das Sociedades Psicanalíticas. Publicou, entre outros livros, Borderline: Uma Outra Normalidade. E-mail: nahman@uol.com.br

26 maio, 2010

Hoje existir me dói feito uma bofetada.

Caio Fernando Abreu


12 maio, 2010

“Cada hora, cada dia, a gente aprende uma qualidade nova de medo! (…) Esta vida é de cabeça-pra-baixo, ninguém pode medir suas pêrdas e colheitas. (…) O que é que uma pessoa é, assim por detrás dos buracos dos ouvidos e dos olhos? (…) Um bom entendedor, num bando, faz muita necessidade. (…) Somente com a alegria é que a gente realiza bem — mesmo até as tristes ações.”


João Guimarães Rosa

06 maio, 2010

"Não consigo precisar o momento em que escolhi. Nem isso, nem qualquer outra coisa, nem nada. Foram me arrastando. Não houve aquele momento em que você pode decidir se vai em frente, se volta atrás, se vira à esquerda ou à direita. Se houve, eu não lembro. Tenho a impressão de que a vida, as coisas, foram me levando. Levando em frente, levando embora, levando aos trancos, de qualquer jeito. Sem se importarem se eu não queria mais ir. Agora olho em volta e não tenho certeza se gostaria mesmo de estar aqui. Só sei que dentro de mim tem uma coisa pronta, esperando acontecer."

Caio Fernando Abreu

26 abril, 2010


Tata,
Adorei a farra!!!
"e tantas águas rolaram
quantos homens me amaram
bem mais e melhor que você..."

Chico Buarque

18 abril, 2010

"Não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha à mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar..."


Caio Fernando Abreu

13 abril, 2010

mas que eu queria, eu queria
só um pouquinho eu queria
assim "pra ver" eu queria
mas vamos deixar pra lá
vamos deixar pra lá
então
quando às vezes a gente se vê
eu disfarço o meu louco querer
e ela finge que nem imagina


* trecho da música: Queda - Luciano Salvador Bahia

07 abril, 2010

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Cecília Meireles


02 abril, 2010


"Mas o homem, porque não tem senão uma vida, não tem nenhuma possibilidade de verificar a hipótese através de experimentos, de maneira que não saberá nunca se errou ou acertou ao obedecer a um sentimento."


Milan Kundera

29 março, 2010

"Não poderias saber nada de mais absoluto sobre ela, a não ser ela própria. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver. Em silêncio."

Caio Fernando Abreu

22 março, 2010


Um poema para Lou Salomé



Vaza-me os olhos: continuarei a ver-te

Tapa-me os ouvidos: continuarei a ouvir-te,

mesmo sem pés chegarei a ti,

mesmo sem boca poderei invocar-te

Decepa-me os braços: poderei abraçar-te

com o coração como se fosse a mão.

Arranca-me o coração: palpitarás no meu cérebro.

E se me incendiares o cérebro,

levar-te-ei ainda no meu sangue.



Rainer Maria Rilke



"Diz-me, porque não nasci igual aos outros, sem dúvidas, sem desejos de impossível? E é isso que me traz sempre desvairada, incompatível com a vida que toda a gente vive."

Florbela Espanca

18 março, 2010

“Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue;outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho…o de mais nada fazer.”
- Clarice Lispector
"Hoje acordei inteira. Migalhas? Pedaços? Não, obrigada. Não gosto de nada que seja metade. Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente (depende do momento.) Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. Não gosto do morno. Não gosto de temperatura-ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. Sempre fui daquelas que falam "eu te amo" primeiro. Sempre fui daquelas que vão embora sem olhar pra trás. Sempre dei a cara à tapa. Sempre preferi o certo ao duvidoso. Quero que se alguém estiver comigo, que esteja. Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de idéia no dia seguinte."
Fernanda Mello

15 março, 2010

Em certa idade, quer pela astúcia quer por amor próprio, as coisas que mais desejamos são as que fingimos não desejar.
Proust

18 fevereiro, 2010


"Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Não estou aqui pra que gostem de mim. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. E pra seduzir somente o que me acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes,em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou".

Maria de Queiroz