30 outubro, 2006

Falta.
de inspiração,
de tempo,
de paciência.
Ausência.
de amor,
de sentir,
de querer.
Inexistência.
de cor,
de prazer,
de alma.

29 outubro, 2006

Negação
Teu lato olhar inexpresso
Em que o significante pesa
fere, dilacera.
O significado previsível "nem doeu".
O gesto imantado de fenomenologia pura
desfere o golpe,
trinca meu mundo
tranqüilo e seguro
e nada mais pode conter.
"A realidade gosta de simetrias":
Palavras de Borges.
Mas a simetria cabe às aparências,
às explicações, às teorias.
A coseidade das coisas,
A mundaneidade do real assimetria-se.
Assemelha-se ao despertar confuso,
ao negro luto do café:
porque morrem os sonhos,
os coerentes e fiéis sonhares.
Descaminho por ruas assimétricas
Vias sem cadarços,
pensamentos deazeitados:
percursos me caminham
e desencontro-me na própria solitude,
em que a tua ausência
é a minha melhor companhia.
José Maurício Fonzaghi Mazzucco

28 outubro, 2006

O Grito, Edvard Munch (1893)

"Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável. Se eu der o grito de alarme de estar viva, em mudez e dureza me arrastarão pois arrastam os que saem para fora do mundo possível, o ser excepcional é arrastado, o ser gritante."
Clarice Lispector in A Paixão Segundo G.H.

27 outubro, 2006

Tempestade
Parece que o tempo fechou
E se faz chuvas sobre mim
Esfria, venta nos meus pensamentos
E agora escuto relâmpagos que eu mesmo criei

Sem mistérios, tudo lógico

Meu mundo entra em desastre momentaneamente
É você meu sol que está faltando
Separada de mim por nuvens de solidão

Minha paixão, meu amor, meu equilíbrio

Entram em desastre emocional
Fico aguardando tudo passar
O momento de te reencontrar

Distante, separado por necessidade

Me sinto num mundo em tempestades
Sem contato, separado por barreiras
Me entristeço, falta a sua verdade viva em mim

Como homem sem rumo no temporal

Aguardando o momento de seguir novamente
A verdade é que às vezes me sinto isolado, sentado num canto qualquer
Esperando a chuva passar, para poder te encontrar

Sem poder me comunicar

Sem poder falar naquele momento
Que te gosto e saber que me ouviu nesse instante
Receber a resposta na hora

São momentos de angustia

Não basta afirmar a mim
Quero sentir minhas palavras ecoar em você
E voltarem repetidas, repetidas, num eco sem fim
Claudio Terovydes

26 outubro, 2006


"...Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be this so hard
Oh take me back to the start..."
Coldplay - The Scientist

24 outubro, 2006

"E umas das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora da minha própria vida"

Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou Livro dos Prazeres.

23 outubro, 2006

Cansei de insistir nos mesmos erros,
Chega de passar da euforia à desilusão com a mesma intensidade,
acreditando e deixando de acreditar com uma facilidade quase irresponsável...
Quero e vou ter controle!

Farei questão de esquecer qualquer tipo de lembrança, pensamento ou desejo...
Acabou e pra sempre!
Demorou, mas é que pensava: "quem sabe um dia.."
Enfim, acordei para a verdadeira realidade e vi que eu estava sozinha nisso tudo a muito tempo...

20 outubro, 2006

Não ando perdida, mas desencontrada.

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.

Despedida - Cecília Meireles

19 outubro, 2006


Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pêlo,
e pelas ruas vou sem nutrir-me, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desiquilibra,
busco o som líquido de teus pés no dia.

Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.

Quero comer o raio queimado em tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas

e faminto venho e vou olfateando o crepúsculo
buscando-te, buscando teu coração ardente
como uma puma na solidão de Quitratúe.

XI - Cem sonetos de amor - Pablo Neruda

18 outubro, 2006

No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!
O auto-retrato ( Mário Quintana )

Realejo

O tempo batia as asas. No mundo dela era sempre noite. Mesmo de manhã, o céu permanecia no mais completo breu. Cansada daquela mesmice, passou a questionar os porquês de sua existência e da origem do mundo no qual vivia. Procurava a lógica dos fatos e se perdia em suas próprias explicações. Uma idéia fixa martelava em sua cabeça: precisava sair dali e descobrir se tudo era sempre daquele jeito ou se lá longe, bem distante, haveria uma outra realidade. E pôs-se a caminhar. Todo chão era pouco perto do desejo que a movia. E então chegou numa das pontas do mundo: tudo continuava a ser sempre daquele jeito e lá longe, bem distante, não havia nenhuma outra realidade. Deu a volta e seguiu obstinada. Quanto mais andava mais sentia o tamanhão do mundo. De seus pés brotavam calos. O corpo padecia, descascava, transmutava. E os porquês se tornavam cada vez mais audíveis reverberando nas paredes de seu coração. E no que cruzou o sul, o norte, o leste e o oeste do mundo: tudo continuava a ser sempre daquele jeito e lá longe, bem distante, não havia nenhuma outra realidade. Quanto mais andava mais sentia o tamanhinho do mundo. Não havia mais pra onde ir e seu corpo também não suportava mais acompanhar o ritmo frenético dos porquês de sua cabeça. A massa corpórea dela padecia, pipocava, inchava. Achou que fosse morrer naquele instante e quando olhou de volta para si foi que percebeu a transformação. O corpo dela havia crescido tanto que já não cabia em seu mundo. Com toda aquela pressão, o céu foi se rasgando vagarosamente até revelar a luz. Em seu novo mundo era sempre dia. Mesmo de noite, as estrelas garantiam uma luminosidade que ela jamais poderia prever enquanto lagarta andante dentro da caixa de sapato. Agora era diferente. Ela batia as asas.
Maira Viana Barros

16 outubro, 2006

Vida sem graça, sem sentido, sem amor, sem nada...
Tanto vazio no coração e na alma.
Sonhando com, vivendo sem...

14 outubro, 2006

"Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripe estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar."
A PAIXÃO SEGUNDO G.H. - Clarice Lispector

11 outubro, 2006

urght!!


Emburrada, revoltada, cansada, esgotada...

Mudar projeto a essa altura do campeonato????? Poxa, assim não dá!!!!
Bom, agora acho que vou trabalhar sobre o efeito de qualquer coisa agindo sobre porcaria nenhuma resultando em absolutamente nada... que droga!!!!
Odeio mudanças...

Que fase!!!!!

10 outubro, 2006

"Não choro mais. Na verdade, nem sequer entendo porque digo mais, se não estou certo se alguma vez chorei. Acho que sim, um dia. Quando havia dor. Agora só resta uma coisa seca. Dentro, fora"
Morangos Mofados - CFA

07 outubro, 2006

So, so you think you can tell
Heaven from Hell
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?
And did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
And hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
And did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?
How I wish
How I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl
Year after year
Running over the same old ground
What have we found?
The same old fears
Wish you were here

Wish You Were Here - Pink Floyd

06 outubro, 2006




"O que tem me mantido vivo hoje é a ilusão ou a esperança dessa coisa, "esse lugar confuso", o Amor um dia. E de repente te proíbem isso. Eu tenho me sentido muito mal vendo minha capacidade de amar sendo destroçada, proibida, impedida"
Cartas - CFA

05 outubro, 2006

Cansada






Cansada, muito cansada.
Quero dormir por dois dias...

04 outubro, 2006

disposição + concentração + persistência

Onde posso comprar isso???
Quero meio quilo de cada...
Paga-se bem!

03 outubro, 2006

Eu, eu mesmo...

Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar.
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito ? Incógnito ? Divino ?
Não sei...
Eu...
Tive um passado ? Sem dúvida...
Tenho um presente ? Sem dúvida...
Terei um futuro ? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...

Fernando Pessoa