30 setembro, 2010

"(...) às vezes tenho um momento de coragem súbita, furiosa... e então, se ao menos soubesse para onde ir, eu certamente fugiria."

Goethe, in Os sofrimentos do jovem Werther

23 setembro, 2010


"Te­nho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída."

Clarice Lispector

15 setembro, 2010

Sinto medo...

“Que bom é suar na tarde e gritar:
mãe, cê tá aí, mãe?”
Adélia Prado

14 setembro, 2010

“Tive tanta taquicardia hoje. Estou por aí, agora. Penso nele, sim, penso nele. Mas não vou ceder. Certo, certo: ninguém tem obrigação de satisfazer ao teu desejo, pela simples razão de que você supõe que teu desejo seja absoluto. Foda-se seu desejo, ora. Me dói não ter podido mostrar minha face. Me dói ter passado tanto tempo atento a ele — quando ele nunca ficou atento a mim.”
Caio Fernando Abreu

“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.”
Rubem Alves

10 setembro, 2010

Acrobata da Dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Cruz e Sousa

07 setembro, 2010

"Podem ter a certeza de que não foi quando descobriu a América, mas sim quando estava a descobri-la, que Colombo se sentiu feliz.'

Dostoievski

05 setembro, 2010

Pois é - Los Hermanos


Pois é, não deu
Deixa assim como está sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
Avisa que é de se entregar o viver
Pois é, até
Onde o destino não previu
Sei mas atrás vou até onde eu consegui
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar

03 setembro, 2010

Essa felicidade não é minha, obrigada!

O jeito mais fácil de ser infeliz é viver a vida na expectativa de que a vida seja o que esperamos dela, de que a vida seja, enfim, a vida sonhada, fantasiada – que, diga-se – no mais das vezes, é o “modelo de vida” standard (ou Premium, se formos ambicioso como mandam as revistas) que o mundo nos fornece num kit com itens, cores, sabores, acessórios, cenas predeterminadas, trilha sonora (de acordo com o bom gosto vigente), objetivos a serem alcançados, níveis de dificuldade mínimos e que incorporamos lépidos, fagueiros e insuspeitos, como nossos. Do emprego ao filho que nos fariam felizes (se fossem como sonhamos), passando pela família e o casamento (nos modelos perfeitos e ideais), esperamos pelo dia em que abriremos os olhinhos, maravilhados olharemos ao redor e ganharemos um ótimo 5 estrelinhas de nós mesmos, um certificado inconteste e seguro de que agora tudo está como sempre deveria ter sido. Aí sim, seremos felizes. Aí sim, vamos poder sorrir e relaxar porque afinal, vencemos. Mas só de pensar sobre isso (pensar por si só já faz bem), de olhar as coisas por este ângulo (do quanto o “ideal” não é o nosso) por breves instantes, já percebemos o engodo da fantasia – e/ou pior ainda, mais grave e de mais difícil superação – percebemos uma suposta incapacidade e insuficiência atávicas de alcançar o objetivo ideal. Neste caso, antes de mais nada, é preciso perceber que não se trata de uma inaptidão particular de realizar “o sonho”, que não somos aleijados de espírito ou vontade, que não deixamos de deter excepcionalmente o dom a todos concedido – ou concedido aos ungidos (e para entender “só” isso pode ser que se leve a vida inteira). Depois, é preciso entender que: a) trata-se de uma impossibilidade geral e irrestrita, simplesmente porque “o sonho” é irrealizável para quem quer que seja, a despeito do que possa sussurrar a voz deslegitimadora e sarcástica dentro das nossas cabeças; e b) porque o ideal, a fantasia, o sonho nem é autenticamente nosso, nem é composto pelos nossos reais desejos. Aí podemos desistir de buscar a (in)felicidade padrão, podemos procurar entender o que faz a nossa própria, única, irrepetível, incopiável felicidade, a despeito do que os outros acharão dela (O que eu quero? O que é bom? O que eu gosto? O que me importa? Do que eu não abro mão? Quais são os preços que eu me disponho a pagar?) para então nos permitirmos ser felizes, pelo simples fato de termos/estarmos buscando o que realmente queremos, o que nos importa, o que desejamos, todos os dias.

02 setembro, 2010

Lembra-te: “Tudo o que chega, chega por alguma razão”

Fernando Pessoa