"Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo" Caio Fernando Abreu
30 outubro, 2006
29 outubro, 2006
Em que o significante pesa
fere, dilacera.
O significado previsível "nem doeu".
O gesto imantado de fenomenologia pura
desfere o golpe,
trinca meu mundo
tranqüilo e seguro
e nada mais pode conter.
"A realidade gosta de simetrias":
Palavras de Borges.
Mas a simetria cabe às aparências,
às explicações, às teorias.
A coseidade das coisas,
A mundaneidade do real assimetria-se.
ao negro luto do café:
porque morrem os sonhos,
os coerentes e fiéis sonhares.
Descaminho por ruas assimétricas
Vias sem cadarços,
pensamentos deazeitados:
percursos me caminham
em que a tua ausência
é a minha melhor companhia.
28 outubro, 2006
"Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável. Se eu der o grito de alarme de estar viva, em mudez e dureza me arrastarão pois arrastam os que saem para fora do mundo possível, o ser excepcional é arrastado, o ser gritante."
Clarice Lispector in A Paixão Segundo G.H.
27 outubro, 2006
E se faz chuvas sobre mim
Esfria, venta nos meus pensamentos
E agora escuto relâmpagos que eu mesmo criei
Sem mistérios, tudo lógico
Meu mundo entra em desastre momentaneamente
É você meu sol que está faltando
Separada de mim por nuvens de solidão
Minha paixão, meu amor, meu equilíbrio
Entram em desastre emocional
Fico aguardando tudo passar
O momento de te reencontrar
Distante, separado por necessidade
Me sinto num mundo em tempestades
Sem contato, separado por barreiras
Me entristeço, falta a sua verdade viva em mim
Como homem sem rumo no temporal
Aguardando o momento de seguir novamente
A verdade é que às vezes me sinto isolado, sentado num canto qualquer
Esperando a chuva passar, para poder te encontrar
Sem poder me comunicar
Sem poder falar naquele momento
Que te gosto e saber que me ouviu nesse instante
Receber a resposta na hora
São momentos de angustia
Não basta afirmar a mim
Quero sentir minhas palavras ecoar em você
E voltarem repetidas, repetidas, num eco sem fim
Claudio Terovydes
24 outubro, 2006
Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou Livro dos Prazeres.
23 outubro, 2006
Chega de passar da euforia à desilusão com a mesma intensidade,
acreditando e deixando de acreditar com uma facilidade quase irresponsável...
Quero e vou ter controle!
Farei questão de esquecer qualquer tipo de lembrança, pensamento ou desejo...
Acabou e pra sempre!
Demorou, mas é que pensava: "quem sabe um dia.."
Enfim, acordei para a verdadeira realidade e vi que eu estava sozinha nisso tudo a muito tempo...
20 outubro, 2006
Não ando perdida, mas desencontrada.
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.
Despedida - Cecília Meireles
19 outubro, 2006
Tenho fome de tua boca, de tua voz, de teu pêlo,
e pelas ruas vou sem nutrir-me, calado,
não me sustenta o pão, a aurora me desiquilibra,
busco o som líquido de teus pés no dia.
Estou faminto de teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.
Quero comer o raio queimado em tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas
e faminto venho e vou olfateando o crepúsculo
buscando-te, buscando teu coração ardente
como uma puma na solidão de Quitratúe.
XI - Cem sonetos de amor - Pablo Neruda
18 outubro, 2006
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...
às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...
e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,
no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco!
O auto-retrato ( Mário Quintana )
Realejo
Maira Viana Barros
16 outubro, 2006
14 outubro, 2006
11 outubro, 2006
urght!!
10 outubro, 2006
07 outubro, 2006
Heaven from Hell
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?
And did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
And hot air for a cool breeze?
Cold comfort for change?
And did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?
How I wish
How I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl
Year after year
Running over the same old ground
What have we found?
The same old fears
Wish you were here
Wish You Were Here - Pink Floyd
06 outubro, 2006
05 outubro, 2006
04 outubro, 2006
03 outubro, 2006
Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar.
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito ? Incógnito ? Divino ?
Não sei...
Eu...
Tive um passado ? Sem dúvida...
Tenho um presente ? Sem dúvida...
Terei um futuro ? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...
Fernando Pessoa