"(...) às vezes tenho um momento de coragem súbita, furiosa... e então, se ao menos soubesse para onde ir, eu certamente fugiria."
Goethe, in Os sofrimentos do jovem Werther
"Porque você não pode voltar atrás no que vê. Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo" Caio Fernando Abreu
30 setembro, 2010
15 setembro, 2010
14 setembro, 2010
“Tive tanta taquicardia hoje. Estou por aí, agora. Penso nele, sim, penso nele. Mas não vou ceder. Certo, certo: ninguém tem obrigação de satisfazer ao teu desejo, pela simples razão de que você supõe que teu desejo seja absoluto. Foda-se seu desejo, ora. Me dói não ter podido mostrar minha face. Me dói ter passado tanto tempo atento a ele — quando ele nunca ficou atento a mim.”
Caio Fernando Abreu
Caio Fernando Abreu
10 setembro, 2010
Acrobata da Dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...
Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...
E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Cruz e Sousa
Cruz e Sousa
07 setembro, 2010
05 setembro, 2010
Pois é - Los Hermanos
Pois é, não deu
Deixa assim como está sereno
Pois é de Deus
Tudo aquilo que não se pode ver
E ao amanhã a gente não diz
E ao coração que teima em bater
Avisa que é de se entregar o viver
Pois é, até
Onde o destino não previu
Sei mas atrás vou até onde eu consegui
Deixa o amanhã e a gente sorri
Que o coração já quer descansar
Clareia minha vida, amor, no olhar
03 setembro, 2010
Essa felicidade não é minha, obrigada!
O jeito mais fácil de ser infeliz é viver a vida na expectativa de que a vida seja o que esperamos dela, de que a vida seja, enfim, a vida sonhada, fantasiada – que, diga-se – no mais das vezes, é o “modelo de vida” standard (ou Premium, se formos ambicioso como mandam as revistas) que o mundo nos fornece num kit com itens, cores, sabores, acessórios, cenas predeterminadas, trilha sonora (de acordo com o bom gosto vigente), objetivos a serem alcançados, níveis de dificuldade mínimos e que incorporamos lépidos, fagueiros e insuspeitos, como nossos. Do emprego ao filho que nos fariam felizes (se fossem como sonhamos), passando pela família e o casamento (nos modelos perfeitos e ideais), esperamos pelo dia em que abriremos os olhinhos, maravilhados olharemos ao redor e ganharemos um ótimo 5 estrelinhas de nós mesmos, um certificado inconteste e seguro de que agora tudo está como sempre deveria ter sido. Aí sim, seremos felizes. Aí sim, vamos poder sorrir e relaxar porque afinal, vencemos. Mas só de pensar sobre isso (pensar por si só já faz bem), de olhar as coisas por este ângulo (do quanto o “ideal” não é o nosso) por breves instantes, já percebemos o engodo da fantasia – e/ou pior ainda, mais grave e de mais difícil superação – percebemos uma suposta incapacidade e insuficiência atávicas de alcançar o objetivo ideal. Neste caso, antes de mais nada, é preciso perceber que não se trata de uma inaptidão particular de realizar “o sonho”, que não somos aleijados de espírito ou vontade, que não deixamos de deter excepcionalmente o dom a todos concedido – ou concedido aos ungidos (e para entender “só” isso pode ser que se leve a vida inteira). Depois, é preciso entender que: a) trata-se de uma impossibilidade geral e irrestrita, simplesmente porque “o sonho” é irrealizável para quem quer que seja, a despeito do que possa sussurrar a voz deslegitimadora e sarcástica dentro das nossas cabeças; e b) porque o ideal, a fantasia, o sonho nem é autenticamente nosso, nem é composto pelos nossos reais desejos. Aí podemos desistir de buscar a (in)felicidade padrão, podemos procurar entender o que faz a nossa própria, única, irrepetível, incopiável felicidade, a despeito do que os outros acharão dela (O que eu quero? O que é bom? O que eu gosto? O que me importa? Do que eu não abro mão? Quais são os preços que eu me disponho a pagar?) para então nos permitirmos ser felizes, pelo simples fato de termos/estarmos buscando o que realmente queremos, o que nos importa, o que desejamos, todos os dias.
Daqui: http://www.ticcia.com/
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