30 abril, 2007

Surgiu como um clarão
Um raio me cortando a escuridão
E veio me puxando pela mão
Por onde não imaginei seguir
Me fez sentir tão bem, como ninguém
E eu fui me enganando sem sentir
E fui abrindo portas sem sair
Sonhando às cegas, sem dormir
Não sei quem é você
O amor em seu carvão
Foi me queimando em brasa no colchão
E me partiu em tantas pelo chão
Me colocou diante de um leão
O amor me consumiu, depois sumiu
E eu até perguntei, mas ninguém viu
E fui fechando o rosto sem sentir
E mesmo atenta, sem me distrair
Não sei quem é você
No espelho da ilusão
Se retocou pra outra traição
Tentou abrir as flores do perdão
Mas bati minha raiva no portão
E não mais me procure sem razão
Me deixe aqui e solta a minha mão
E fui flechando o tempo, sem chover
Fui fechando os meus olhos, pra esquecer
Quem é você?
Carvão - Ana Carolina

P.S: Decepção. Essa é a palavra. Quem foi você? Mentiras... Cada dia mais eu tenho a certeza que você só existiu na minha cabeça. Fingiu... Enganou... E essa mágoa não passa...

24 abril, 2007

Um texto legal de uma escritora nova cheia de idéias:

“Olho para as árvores sob as quais caminho devagar; observo algum ponto que não existe mas que talvez existisse se eu não estivesse como estou. Por mais que eu tente reconstruir a minha história, os dados se perdem em alguns momentos e minha mente se afunda em um imenso vazio. A maioria das pessoas não consegue imaginar o nada, e as que conseguem levam um longo tempo para alcançá-lo. Eu acho tão fácil imaginar o nada e fazê-lo me deixa mais satisfeito do que imaginar qualquer outra coisa. Quando me lembrar dos fatos se torna ainda mais doloroso do que tentar esquecê-los, mesmo porque se trata de uma tentativa inútil, mergulho mais uma vez na imensidão e no alívio do meu nada. (...) Das lembranças, não confio nem desconfio: apenas sei que estão lá, em seu processo de corrosão. Das pessoas, desconfio. Por isso não posso procurar melhor companhia. Em mim, eu confio – até porque sei que não posso confiar em mais ninguém. Eu sei que eu não me traio ou trairia, e gostaria de ter aprendido isso mais cedo. Mas não havia como, porque só me mostraram o contrário, apesar de ele ser uma mentira. Se me perguntarem exatamente como eu vim parar aqui, talvez eu engasgue ou mude de assunto. Mas depois vou suspirar, olhar para cima e me quietar. É sempre assim: primeiro eu me altero, depois me torno apático – e essa mudança tem-se dado cada vez mais rapidamente. Às vezes não consigo discernir o que eu fiz daquilo que me fizeram, porque o sofrimento faz com que as lembranças se misturem. Mas eu sempre acabo recuperando minha consciência e reafirmando uma de minhas poucas certezas: não foi culpa minha. O fato é que agora estou aqui, e isso não mudará – por mais que eu queira, por mais que eu grite e... me deite, tape meus ouvidos, feche meus olhos e volte para o conforto do meu nada. Não posso começar minha vida novamente e, pensando bem, talvez nem quisesse. Estou cansado demais para tentar ir em frente, quanto mais para voltar. Agora, tudo está feito – seja lá o que isso signifique.”

Liliane Prata - Jornalista e escritora

23 abril, 2007

"Me diz como fugir do que levamos por dentro,
Como fugir?"
Então vá se perder - Ana Carolina

20 abril, 2007

"... É, Deus, parece que vai ser nós dois ate o fim..." -
Los Hermanos

***

15 abril, 2007

"Eu te vejo sair por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão
Olha pra mim
Não faz assim
Não vai lá não
(...)"
As vitrines
Chico Buarque/1981

11 abril, 2007


Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana - Espelho Mágico

02 abril, 2007

"Sempre que penso uma cousa, traio-a.
só tendo-a diante de mim devo pensar nela,
não pensando, mas vendo,
não com o pensamento, mas com os olhos.
uma coisa que é visível existe para se ver,
e o que existe para os olhos não tem que existir para o pensamento;
só existo directamente para o pensamento e não para os olhos.
olho, e as cousas existem.
penso e existo só eu."


Alberto Caeiro