12 outubro, 2010

"...Existem além disso indecisões, terrores, receios, pertubações e tempestades na mulher de trinta anos, que jamais se encontram no amor duma jovem. Chegando a essa idade, a mulher pede a um jovem que restitua a estima que ela lhe sacrificou; vive apenas para ele; preocupa-se com seu futuro, deseja-lhe uma vida bela, procura torná-la gloriosa; obedece, suplica e ordena, curva-se e eleva-se e sabe consolar em mil ocasiões em que a jovem só sabe gemer. Enfim, além de todas as vantagens de que sua posição, a mulher de trinta anos pode se fazer jovem, desemprenhar todos os papéis, ser pudica e até embelezar-se com a desgraça. Entre elas duas há a distância incomensurável que vai do previsto ao imprevisto, da força à fraqueza. A mulher de trinta anos satifaz tudo, e a jovem, sob pena de não se-lô, nada pode satisfazer. Essas idéias desenvolvem-se no coração de um rapaz e nele geram a mais forte das paixões, porque ela une os sentimentos artificiais criados pelos costumes aos sentimentos reais da natureza."


A mulher de trinta anos - Honoré de Balzac

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