30 setembro, 2006


"...eu sei que ainda vou voltar, mas eu quem será?"

29 setembro, 2006

Tentação

Ela estava com soluço. E como se não bastasse a claridade das duas horas, ela era ruiva.
Na rua vazia as pedras vibravam de calor - a cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de sua casa, ela suportava.
Ninguém na rua, só uma pessoa esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a interrompia de momento a momento, abalando o queixo que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um amor conjugal já habituado, apertando-a contra os joelhos.
Foi quando se aproximou a sua outra metade neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de comunicação surgiu no ângulo quente da esquina acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua fatalidade. Era um basset ruivo.
Lá vinha ele trotando, à frente da sua dona, arrastando o seu comprimento. Desprevenido, acostumado, cachorro.
A menina abriu os olhos pasmados. Suavemente avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua vibrava. Ambos se olhavam.
Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-lo. Os pêlos de ambos eram curtos, vermelhos.Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. Pediam-se, com urgência, com encabulamento, surpreendidos.
No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães maiores, de tantos esgotos secos - lá estava uma menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se fitavam profundos, entregues, ausentes do Grajaú. Mais um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo talvez à gravidade com que se pediam.
Mas ambos eram comprometidos.
Ela com sua infância impossível, o centro da inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. Ele, com sua natureza aprisionada.
A dona esperava impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina.

Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez olhou para trás.

Clarice Lispector - "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

"Morrer de vez em quando é a única coisa que me acalma..."
Leminski

26 setembro, 2006

O vento

Posso ouvir o vento passar
Assistir a onda bater
Mas o estrago que faz
A vida é curta pra ver
Eu pensei: que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo
E para o tempo parar
Um século, um mês
Três vidas e mais
Um passo pra trás
Por que será?
Vou pensar
Como pode alguém sonhar
O que é impossível saber
Não te dizer o que eu penso
Já é pensar em dizer
Isso eu vi, o vento leva...
Não sei mais
Se tu quer, como sonhar?
Que o esforço pra lembrar
É vontade de esquecer
E isso porque diz mais
Se a gente já não sabe mais
Rir um do outro meu bem
Então o que resta é chorar
E talvez, se tem que durar
Vem, renasce do amor dentro de lágrimas
Um século, três
Se as vidas atrás
São parte de nós
E como será?
O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais
A gente vai saber
Claro de um trovão
Se alguém depois sorrir em paz
Só de encontrar

O Vento - Los Hermanos

P.S: Como posso ainda sentir toda essa alegria, ficar eufórica e mudar complemente meu dia apenas em te ver?? Minhas pernas tremem... Um oi seco e frio não foi o suficiente. Quero te beijar, te abraçar, te cheirar como antes... Sinto ainda muita vontade de estar ao seu lado, conversar, viajar em assuntos que desconheço, ouvir você ronronar, sentir esse cheirinho de limão tão bom... Nossa, será que isso nunca vai passar? Tento virar a página, pensar em outras coisas, em outras pessoas, mas não consigo... Como diz a música: "Quando penso em alguém é por você que fecho os olhos..." Poxa, como é ruim sentir saudade e não conseguir ao menos chegar perto de você.
Ainda resta muita coisa aqui dentro.
Sei que não vou morrer de amor, mas isso dói tanto...

22 setembro, 2006

"Não, você não sabe, você não sabe como tentei me interessar pelo desinteressantíssimo"
Morangos Mofados - Luz e Sombra - CFA

20 setembro, 2006

Tristeza

Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa
Saudade que não deseja.
Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a Ter.
Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos ricas de pó.
Fernando Pessoa

19 setembro, 2006

Distância

“...Os olhos mentem dia e noite a dor da gente...”
Distância. Saudade dói. Distância apenas. E como dói. As distâncias geralmente são calculáveis e dividem-se basicamente em duas: a “distância muita” e a “distância pouca”. A distância entre o fazer e o fazer-acontecer é muita. Já a distância respeitosa entre o cavalheiro e sua dama em noite de baile é pouca. A distância mágica entre o coelho e o fundo da cartola é muita. Em contrapartida, a distância romântica entre o sol e a lua em dia de eclipse é praticamente nula. A distância geográfica entre o Brasil e os Estados Unidos é muita, mas a distância genética entre fé e coragem é pouquinha. A distância entre lembrança e respiração também é pouca. E abraçados nessa verdade, ambos vão se orientando na certeza musical de que do outro lado há o outro a respirar.
“...Só enquanto eu respirar vou me lembrar de você...”

Fernando Anitelli - Teatro Mágico

18 setembro, 2006


"Suave é viver só" - Fernando Pessoa
"E se eu fosse o primeiro a prever e poder desistir do que for dar errado"

Final de semana diferente. Pessoa diferente.
Os problemas não foram embora e tudo é uma grande dúvida. Mas vou levando e tentando descobrir aonde chegar. Não esta sendo fácil, acredite. Dá muito medo. Nessas horas tento investir na mentalização de coisas boas, um mantra qualquer de que amanhã vai ser outro dia e blá, blá, blá...Um dia não livre de problema algum, mas ao menos que sejam novos.
Gostaria apenas de parar de pensar tanto no que não foi, no que não tem sentindo, do que não aconteceu. E de curtir o que esta acontecendo. De abstrair. Preciso lembrar de controlar as atitudes, já que os pensamentos me fogem das mãos. Meditação transcendental quem sabe.
Quero ficar sozinha. Nem sei se também é isso que quero. Pois quando estou só, morro. Quando estou com alguém, meus pensamentos viajam pra bem longe em busca de algo que nunca vou ter.
Abraço e sinto outro corpo.
Acordo e vejo o que não quero.
O que fazer para esquecer?
Acordo e fico pensando no que vou fazer para me distrair ate que o dia acabe.
Devo ocupar a mente, eu sei. Vou desviar meus pensamentos.
Quem sabe fazer coisas inúteis como contar azulejos, apontar lápis, colocar em ordem alguns papéis. Qualquer coisa que me faça esquecer que o tempo é cruel e que sequer posso esperar de ti uma palavra de delicadeza.
Não quero ninguém. Quero ficar só. Excessivamente só.
Mas o pior de ficar só é ter que conviver consigo própria. E eu não me agüento mais.
Torço para que o tempo passe logo.
Pra que a vida voe.
O que sinto nesse momento?
Não é fácil explicar.
Tentei. Mas esquecer assim não posso.
E sei que tudo isso só existe dentro de mim.
Que confusão. Nem sei porque escrevo. Ninguém vai ler isso mesmo.
Quanta bobagem...

15 setembro, 2006

Cheiro

" E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, bem lá dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que o amor não começa quando o nojo, higiene ou qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, senão só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou ate gostar, sem que isso seja necessariamente uma pervesão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se o amor for a coragem da prórpia merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também."
Pela noite/Estranho estrageiros - CFA

Ao mesmo tempo que digo e me esforço para ficar só, trancada nos meus sentimentos, no meu mundo ate tudo passar, ate tudo sumir das minhas lembranças, vem alguém querendo conhecer esse meu mundo que nem eu mesma conheço, querendo participar de uma alegria aparente.
Enquanto eu apenas estava fazendo da leitura e do cinema meus bons companheiros, enquanto não durmo, enquanto espero, para tirar qualquer tom de desespero, tentando cultivar a harmonia, tentando abrir a porta para alegria, quem sabe um dia... Aparece alguém.
Tenho medo. Muito medo.
Pois eu sempre me perco nas histórias de amor.
É possível gostar de alguém e ser feliz ao mesmo tempo?
Não sei.
Mas sei que não posso ficar com esse medo, as pessoas são diferentes eu sei disso. Pelo menos tentar e ver como são outras pessoas, outros cheiros, outros gostos.
Tenho que tentar e vai ser isso que vou fazer.
Respiro fundo mais uma vez.
Esqueço tudo o que passou mais uma vez.
Esqueço.
Recomeço.

14 setembro, 2006

Chorei

"Se pudesse escolher, dormiria ate tudo passar, e tudo vai passar.
Antes que... Ah, antes que nada. Só estou falando um monte de besteiras, pois falo sobre o que eu não sei dizer. Como os apaixonados fazem. Os apaixonados desprezados, claro. Os que sofrem por amor e acham que devem sempre falar sobre isso. Sobre suas más condições.
De estarem prestes a morrer sabendo que não vão morrer"
O efeito Urano - Fernanda Young

Mesmo sabendo que já tinha acabado, e a muito tempo, só a distância vai fazer meu coração entender que tudo se foi de vez... Chorei.

Sofro por amor.
E pela falta de amor também.

PS: Sabes o que eu acho? Ficou-nos a faltar uma noite.

13 setembro, 2006

Feriado!


Esse final de semana foi uma mistura de sentimentos.
Alegrias, tristezas, saudades, magoas, surpresas... enfim, foi um mix de tudo.
Fazia muitos anos que não pisava em São Paulo, mas não gostei do que vi também. Um baita trânsito para conseguir chegar em qualquer lugar, cidade cinza, aquele frio de matar... credo! Às vezes eu ate queria morar lá novamente, mas definitivamente, não quero mais!
Adoro cidade grande, mas não tão grande ao ponto de me sentir completamente perdida.
Mas nada como voltar para Ribeirão, ver esse sol, a cidade com cara de cidade grande mas com um jeitinho de interior... Mas foi bom voltar lá... Mas só a passeio mesmo. Tirei a idéia de talvez um dia voltar a morar lá. Meu pai que ficou feliz com a noticia.
Enfim, fui a um casamento. Mas não um casamento qualquer, foi de uma amiga que amo muito e que com certeza merece toda a felicidade desse mundo.
Chorei. Vendo-a entrar e no mesmo momento passando um filme na minha cabeça de tudo o que já aconteceu com a gente, todas as baladas, todas os colos que demos uma para a outra, risadas, choros, conquistas... Puxa, como temos histórias para contar. Ate deu vontade de casar, entrar na igreja, vestido de noiva e todas essas coisas cafonas maravilhosas!!!
Mas já esta passando essa droga de vontade, voltei para a realidade onde não existe “príncipe noivo interessante” disponível no mercado.
Bom, visitei amigos, ex sogra com direito a ex namorado com noiva... cada coisa que eu passo! Mas o que eu fiquei mais triste mesmo foi de voltar onde eu morei tantos anos. Minha casa, a casa da minha avó, tantas lembranças...
Mas também foi muito divertido, fiquei com meus primos, filhos deles e tudo mais o que tinha direito. Conheci integrantes novos da família, recebi colinho da minha avó e matei toda a saudade dessa minha família maluca. Ate cantei no karaokê: “Você pra mim foi um sol...” e muitas outras músicas ridículas de cantar...coisa que a muito tempo não fazia.
Nem queria voltar pra cá, para esse mestrado que nada funciona, para meu quarto vazio, para essa minha vida sem emoção. Mas fazer o que né? Vamos, tenho que ser forte, e pensar coisas positivas, não é assim Carol?

E ai vou eu.

08 setembro, 2006

Pra não falar de amor...


Hoje não estou triste, não estou alegre, estou magoada.
É muito engraçado como os sentimentos mudam, como as pessoas são falsas, como falam sem pensar, sem ter responsabilidade sobre aquilo que falam, sobre os sentimentos das pessoas alheias.
Mesmo algum tempo depois, eu ainda continuo pensando em tudo o que ouvi e acreditei que fosse verdade...Mas no momento parecia tão verdadeiro...Enfim... deixa pra lá.
Estou me sentindo assim hoje, enganada, mesmo sabendo, ou pelo menos desconfiando, de onde estava me metendo... Mas é assim, uma pessoa ai já dizia: "As suas expectativas são as suas expectativas...".
Um dia ainda eu páro de procurar coisas que sei que ao ler irá me magoar, um dia eu aprendo!
Você me dizia que éramos parecidos. Como assim?
Você um dia já conseguiu se envolver de verdade???
Já conseguiu dizer que gosta de estar ali sem mentir?
Bom, acho que não somos parecidos em nada. Eu sou verdadeira e tudo o que saiu da minha boca era exatamente o que sentia, senti ou sinto... Já não sei de mais nada, é tanta decepção que não sei mais que sentimento tenho dentro de mim.
Não sei porque estou assim hoje, talvez seja o clima dessa cidade cinza, fria, lembranças não tão agradavéis...
São Paulo não me fez bem, não sei, acho que ultimamente nada esta me fazendo bem... que fase, mas vai passar. Bom, pelo menos é nisso que tento acreditar.

E andando por ai, li esse texto e gostei.

Pra não falar de amor... Hoje eu não quero falar de amor, pensar em amor, lembrar de coisas que um dia se apresentaram como possibilidade de... amor. É que mentira tem perna curta e eu não tô mais a fim de começar tudo de novo, acreditar naquele blá-blá-blá cheio de boas intenções, pra depois terminar em desafeto, falta de cuidado a ponto de: -putz! Não era bem isso que eu queria... Acho que é porque tá frio e ontem foi ontem. E lembrei de tempos atrás quando eu era capaz de inventar mil surpresas sem a menor vontade de impressionar, apenas pra... ver você sorrir? É isso. Você sorria para dentro. E aquilo me incomodava... por isso eu bolava novas maneiras de encantar, fazer carinho quente bem debaixo da asa esquerda que eu julgava quebrada. Mas o anel que tu me deste era de areia. A mesma que a gente pisou sem deixar grandes marcas. E isso agora incomoda. Aquela minha total disponibilidade e a sua incapacidade de se deixar amar. Hoje eu vivo olhando o céu, buscando gaivotas mesmo longe do mar. Lembra que você costumava desenhar gaivotas no quadro negro, na ausência do professor? E fazia versos e tocava violão e me revirava por dentro. Descobria desde a tristeza dos meus olhos até o sonho mais escondido. Desde então nosso brinquedo preferido era fazer-de-conta... "-faz de conta que te amo"... mas hoje eu não quero falar de amor, pensar em amor, lembrar de coisas que um dia se apresentaram como possibilidade de... amor.
Lamenha - Perto do Coração Selvagem

PS: Dia frio, muito frio. Dentro. Fora.

04 setembro, 2006

Fuga

"Podia esperar de qualquer um essa fuga, esse fechamento. Mas não em você, se sempre foram de ternuras nossos encontros e mesmo nossos desencontros não pesavam, e se lúcidos nos reconhecíamos precários, carentes, incompletos. Meras tentativas, nós. Mas doces. Por que então assim tão de repente e duro, por quê?
Seria isso, então?
Você só consegue dar quando não é solicitado, e quando pedem algo você foge em desespero.
Como se tivesse medo de ficar mais pobre, medo de que se alcance seu centro e nesse centro exista alguma coisa que você não quer mostrar nem dar ou dividir.
Contido, dissimulado, você esconde essa coisa, será assim?"

Diálogo, Inventário do Ir-remediável, Caio Fernando Abreu

01 setembro, 2006

***

Convívio

"Que o medo da solidão se afaste e que o convívio
comigo se torne ao menos suportável" (Oswaldo Montenegro)

PS: Odeio final de semana!!!!

Cama vazia


É no silêncio pertubador que descubro o que eu não sou.
Faltam palavras e as idéias se misturam numa consciente falta de sentido.
E vou levando.
Entre tombos e perigos e ausências de manhãs.
É muito difícil acostumar-se com uma nova falta...